Hoje cheguei atrasada ao trabalho. E saí de casa com tempo! Fui ao supermercado.
Primeiro apanhei uma fila estúpida a caminho da rotunda, por causa da manifestação da CGTP. Toda a gente fazia questão de perguntar ao polícia qualquer coisa e depois não havia maneira de se sair do sítio.
Pus o carro no parque de estacionamento e dei então uma saltada ao supermercado. Como já sabia o que queria, era só chegar, pegar, pagar e desaparecer dali para fora. Mas quando chegou a altura de pagar tinha quatro senhoras à minha frente cheias de tralhice e a menina da caixa não estava onde devia estar: na caixa. Estava no bar a dar um copinho de água a uns putos que, vim depois a perceber, estavam com duas das senhoras da fila. A menina lá veio (dava pra ver que não lhe estava a agradar qualquer coisa) e depois percebi o que deveria ser: os putos, eram, além de hiperactivos, hiper-ruidosos, com especial destaque para um deles. Corriam, gritavam... enfim. E as mãezinhas nada. Era como se nada fosse. Depois o mais terrível começou a tentar passar uma garrafa de água no sensor do código de barras de uma caixa vazia. E parece que conseguiu. A mãezinha? Nada.
Lá chegou a minha vez,. Paguei. Optei por pagar em dinheiro e maldita a hora, porque depois pensei "queres ver que fiquei sem dinheiro para o parque?". Meti o cartão na maquineta e deu 0.30€. Tinha o dineiro certinho. Com a alegria de ter o suficiente nem reparei que a porcaria da máquina não aceitava moedas de cinco. Merda! Apressei-me ao guiché para pagar e quando lá cheguei (o carro já estava ligado e pronto a arrancar) já não eram trinta, mas cinquenta. Expliquei ao senhor que foi só o instante de pegar no carro e vir pagar... e blá blá blá... e que não tinha mais dinheiro... Ele continuava a olhar para mim como quem diz "pode ir falando que só daqui sai quando me der os cinquenta". Entrei furiosa no carro, estacionei-o outra vez e saí para levantar dinheiro. Aqui já eu estava atrasada. Chego à caixa multibanco e apanho com aquela mensagem irritante que me aparece só quando tenho muita pressa "Dirija-se ao Multibanco mais próximo" acompanhado daquele estúpido sorriso invertido do cartãozinho anfitrião. Lá fui eu a balbuciar um "já sabia!" furioso.
Levantei o dinheiro e dirigi-me ao parque outra vez. Pelo caminho ia pedindo que o ticket do aparcamento tivesse lá ficado porque senão ia ser tudo muito pior.
Três homens conversavam animadamente. Um foi o que me atendeu antes e outro deles também ali trabalhava. Este entrou na guarita e, com indicação do outro, pegou no meu cartão que felizmente estava lá pousado e passou-o outra vez. Em vez de cinquenta mostrou trinta. Aí lá se foi a minha tão esforçada calma. Comecei a reclamar. Saiu-me tudo em catadupa. Então era trinta; por a merda da máquina não aceitar moedas de cinco, tive um acréscimo de vinte; tive de ir levantar dinheiro de propósito por vinte cêntimos; agora é trinta outra vez? mas que doideira é esta? Agora a conta já ascendia aos oitenta. "Tenha calma menina, eu explico..." Depois de ler a banda magnética uma vez, a informação vai ao início - trinta cêntimos. Engoli a desculpa e quiz lá saber. Eu já só queria pagar e sair dali p'ra fora. Depois o homem dizia que pagava ele os trinta porque passou o cartão outra vez. Eu insistia que não, que pagava tudo. Rabujei tanto que ambos decidiram desculpar-me a dívida na sua totalidade. Vejam só! Que lata. Aí é que eu desbobinei ainda mais. Quer dizer, tanto trabalho, tanta merda para agora não pagar nada! Tive de meter a merda da nota de vinte euros na mão do homem e obrigá-lo a fazer o pagamento. Lá paguei os cinquenta e fui embora e eles ficaram muito condescendentes a comentar "As pessoas andam muito tensas hoje em dia. Muito tensas."

Comentários

Mensagens populares