Cavalete

Esperava por ele no atelier quando reparou que, em exposição sobre o cavalete, estava o seu próprio retrato. Telma entrou, cumprimentou Camila e com dois dedos contornou a tela, apreciando a pintura. Paralisada, Camila observou o gesto, temendo algum comentário a propósito. Uma noite depois, ele pegou-lhe na mão e levou-a à cozinha, onde, para sua surpresa, lhe foi pedido que apreciasse, exposto no cavalete, o retrato de Telma. Só então percebeu.
Para alívio da própria culpa, Tó arranjara uma forma genial de cruzar as suas conquistas, podendo, simultaneamente, usufruir da sua companhia. Chamava a presa ao covil do predador, usando como isco o seu último trabalho. Quando a vítima chegava a sua casa, no cavalete, perfilado, estava preparado o retrato pintado de outra.

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